Regius Allanis PMW08, PLW08, JP09, BOB09, CHPT, CHES de Cláudia Fernandes |
E embora muito seja questionado sobre a cor branca o que a história mostra é que de fato é uma das cores originais da raça.
Em toda Europa, e especialmente na Alemanha o pastoreio era muito comum fazendo parte da vida de muitas famílias. Os fazendeiros faziam uso de cães para guiar os seus rebanhos durante o dia e para protegê-los de predadores indesejáveis por toda a noite. Por muitos anos os alemães utilizaram uma enorme variedade de cães para esse trabalho e a partir de uma selecção preliminar esses cães foram classificados como cães pastores e considerados a partir do seu tamanho, cor e/ou estrutura.
O Capitão Max Von Stephanitz foi o grande responsável pelo desenvolvimento do Pastor Alemão. Quando ainda um jovem oficial da cavalaria, ele viajava por toda a Alemanha e por muitas vezes hospedava-se em fazendas de pastoreio onde ficava fascinado com a capacidade de trabalho dos cães pastores. Entretanto ele notou que o que se exaltava num cão, faltava no outro e vice-versa, passando então a vislumbrar a possibilidade de criar uma raça de trabalho que pudesse juntar as qualidades de todos os cães pastores. Winifred Strickland cita em seu livro “The German Shepherd Today” que Max Von Stephanitz idealizou um cão de extrema inteligência, rápido, protector, de aparência nobre, de temperamento confiável, que pudesse trabalhar incansavelmente por todo o dia, que fosse extremamente leal, com um desejo incondicional de agradar e que também fosse a companhia ideal para o homem.
Durante toda a última década do século XIX ele experimentou cruzamentos entre os melhores cães pastores da Alemanha para chegar ao cão de trabalho ideal. Entre eles, um dos mais utilizados por Max foi Grief, um pastor completamente branco nascido no ano de 1879 que foi apresentado na exposição de Hanoover nos anos de 1882 e 1889. De acordo com Joseph Schwabacher em seu livro “The Popular Alsacia” (1922), Grief gerou a fêmea de nome Lene que por sua vez acasalou com o cão pastor Kastor e desse cruzamento nascera Hektor, um cão pastor amarelo e cinza. Em 1899, Max compareceu ao “The Karlsruhe Exhibition”, um evento voltado para Cinofilia, e levou consigo Hektor que rebaptizara de Horand Von Grafath, neto de Grief, e considerado por Max o exemplar ideal.
Em 22 de Abril de 1899, o “Verein für Deustche Shäferhunde” ou Clube do Pastor Alemão (a SV), maior clube especializado numa raça do mundo, foi fundado por Max Von Stephanitz. Horan tornou-se o primeiro Pastor Alemão a ser registado em seu Livro Oficial e por ser descendente de um cão branco, e assim carregar o gene da pelagem branca, produziu diversos filhos, netos, bisnetos e tetranetos brancos.
Com o desenvolvimento da SV, Max continuou a aperfeiçoar a raça. Ele criou a “Koerung”, uma espécie de inspecção em que todo o exemplar deveria passar para saber se poderia ou não procriar. Durante esse período o Pastor Branco tinha o mesmo status do Pastor Alemão. Max deixava bem claro que o Pastor Alemão, independente da sua cor, era um cão de trabalho em primeiro lugar.
Em 1930 o nazismo começou-se a espalhar rapidamente pela Alemanha, e suas questões racistas deram lugar a uma visão distorcida da função do Pastor Alemão. Max passou a ser pressionado e ameaçado pelos próprios membros da SV que aderiram à política totalitária de Hitler e interferiram em suas ações. Após 36 anos de dedicação à raça, Max entregou o seu posto ao novo governo. Ele morreu um ano após, coincidente mente na data de aniversário de 37 anos do “Verein fur Deusche Shaferhund – SV” em 22 de Abril de 1936. Os nazistas viram a pelagem branca como uma característica indesejável na raça e, sem embalamento científico algum, presumiram que esta empalidecia a cor escura dos Pastores Alemães e ainda seria a causadora de doenças. A partir daquele momento o PB foi banido de forma cruel e perversa, nunca mais tendo sido aceita pelo padrão do SV.
No final dos anos cinquenta os EUA através do American Kennel Club e o Canadá através do Canadian Kennel Club, seguindo os novos parâmetros da SV, passaram a desclassificar a cor branca dos PA para exposições de padrão e beleza, porém continuaram a registá-la como Pastor Alemão Branco.
Mesmo ocorrendo anualmente milhares de registros da raça nesses países, muitos criadores de Pastor Alemão recusam-se a criar a cor branca. Por esse motivo clubes especializados no Canadá lutam pela separação das raças em busca do seu devido reconhecimento. Eles baseiam-se em estudos feitos em todo o mundo, cujos resultados indicam que há carga genética suficiente para sustentar esta separação.
Em 2002 a FCI (Federação Cinológica Internacional), maior entidade cinófila do mundo, com mais de 80 países filiados, reconheceu a raça como Pastor Branco Suíço.
Florencia JE09, CHPT de Cláudia Fernandes |
Esta conquista foi muito importante para o seu desenvolvimento fazendo com que pudessem participar em exposições de padrão e beleza, o que representou o primeiro passo para o fim do preconceito e o início da aceitação mundial dessa raça secular.
A história vem-nos provar que o Pastor Branco Suíço foi importantíssimo para os alicerces da raça Pastor Alemão, apesar da existência de falsas teorias que são tidas como factos persistirem em afirmar o preconceito pela cor. Hoje está cientificamente provado que o gene que trás a cor branca não causa nenhum defeito, doença, moléstia ou mesmo o tão comentado albinismo cujas principais características são a pele rosada e falta de pigmentação de focinho. Muito pelo contrário, como todo o cão de pelagem naturalmente branca, o Pastor Branco Suíço possui a pele escura, pigmentação de focinho e plantares de cor fechada preta e olhos de castanho-escuro quase ao preto.
Actualmente os Pastores Brancos Suíços são encontrados exercitando diversas actividades como guarda, guia de deficientes visuais e físicos, como cães de polícia e resgate, actuando no combate ao tráfico de drogas, segurança de aeroportos, como companhia, em competições desportivas, entre outros.
PADRÃO OFICIAL
APARÊNCIA
Poderoso, bem musculado, de tamanho médio; orelhas erectas; de pelagem dupla de comprimento médio ou longo. De forma alongada; de ossatura média e silhueta elegante e harmoniosa.
PROPORÇÕES IMPORTANTES
De forma rectangular moderadamente longa: a proporção entre o comprimento do corpo (da ponta do ombro à ponta da nádega) até a altura na cernelha é de 12:10.
A distância do stop à trufa é ligeiramente maior do que a distância do stop à protuberância occipital.
CABEÇA: forte, seca e delicadamente cinzelada, em boa proporção ao corpo. Vista por cima e de perfil, tem forma de cunha. As linhas superiores do crânio e do focinho são paralelas.
Crânio: ligeiramente arredondado; depressão mediana apenas indicada.
Stop: ligeiramente marcado, mas nitidamente visível.
Trufa: tamanho médio; pigmentação preta desejada; a trufa de neve e a trufa mais clara são admitidas.
Focinho: poderoso e moderadamente longo em relação ao crânio. A cana nasal e a linha inferior do focinho são rectas e convergem ligeiramente em direcção à trufa.
Lábios: secos, firmemente ajustados e tão pretos quanto possível.
Dentes: dentição forte e completa, mordedura em tesoura. Os dentes devem ser implantados de forma ortogonal ao maxilar.
Olhos: de tamanho médio, amendoados, colocados ligeiramente oblíquos; de cor marro ao marro escuro; pálpebras bem aderentes e as bordas dos olhos pretas, são desejáveis.
Orelhas: erectas, inseridas altas, portadas rectas, paralelas e direccionadas para a frente, em forma de um triângulo alongado que são ligeiramente arredondadas em suas extremidades.
PESCOÇO: de tamanho médio e bem musculoso. Inserido harmoniosamente no corpo, sem barbelas; a linha superior do pescoço, elegantemente arqueada, vai sem interrupção da cabeça portada moderadamente alta até a cernelha.
TRONCO: forte, bem musculoso e de tamanho médio.
Cernelha: pronunciada.
Dorso: nivelado, firme.
Lombo: fortemente musculoso.
Garupa: longa e de largura média. A partir de sua inserção, ela se inclina suavemente para a raiz da cauda.
Peito: não muito largo, profundo (mais ou menos 50% da altura na cernelha); alcançando os cotovelos; caixa torácica oval; estendendo para trás. Ante peito proeminente.
Ventre e Flancos: flancos delgados e firmes; linha inferior moderadamente esgalgada.
CAUDA: espessa, em forma de sabre, afinando para a extremidade. Inserida mais para baixo, ela atinge no mínimo o jarrete. Em repouso, ela cai recta ou ligeiramente curvada para cima no seu último terço. Em movimento, é portada mais alta mas jamais mais alta que a linha do dorso.
MEMBROS: fortes, resistentes, e ossatura média.
Anteriores: rectos, quando vistos de frente e moderadamente afastados. Vistos de perfil, bem angulados.
Ombros: escápulas longas e bem oblíquas. Bem angulados; todo ombro fortemente musculoso.
Braços: adequadamente longos e fortes músculos.
Cotovelos: bem aderentes.
Antebraços: longos, rectos e musculosos.
Metacarpos: firmes e ligeiramente oblíquos.
Posteriores: vistos por trás, rectos e paralelos; em posição, moderadamente afastados. Vistos de perfil, bem angulados.
Coxas: de comprimento médio, fortemente musculosas.
Pernas: de comprimento médio, oblíquas, com sólida ossatura e bem musculosas.
Jarretes: poderosos e bem angulados.
Metatarsos: comprimento médio, rectos, musculosos. Os ergôs devem ser movidos, excepto nos países onde a remoção é impedida por lei.
Patas: ovais. Patas posteriores ligeiramente mais longas que as patas anteriores. Dedos fechados e bem arqueados; almofadas pretas e firmes. Unhas escuras são desejadas.
PELE: sem dobras e rugas, de pigmentação escura.
PELAGEM: Pêlo duplo, de comprimento médio ou longo, denso, assentado; sub-pêlo abundante; pêlo de cobertura liso e espesso; a face, as orelhas e a parte anterior dos membros apresentam um pêlo ligeiramente mais curto. Na nuca e na parte posterior dos membros o pêlo é ligeiramente mais longo. Um pêlo ligeiramente ondulado, mais duro, é admitido.